O documentário “Erotildes Milhomem – A Mulher que Escreveu o Araguaia”, de Rizza Matos, conta a história da região a partir da vida e do trabalho da escritora, artista e educadora.
Por Lilian Brandt
O Araguaia produz personagens únicos. Ribeirinhos, guerreiros, camponeses, gente de fé, gente que teve uma vida difícil e hoje conta a história rindo. Erotildes Milhomem é uma filha do Araguaia que marcou a história da região. Ela escreveu história e poesia, pintou quadros de óleo sobre tela com personagens lendários do Araguaia e atuou na educação e na política. Uma história que merece ser lembrada para as próximas gerações.
Uma história que merece um filme… e terá! O documentário “Erotildes Milhomem – A Mulher que Escreveu o Araguaia” está sendo produzido nos municípios mato-grossenses de São Félix do Araguaia, Luciara e Barra do Garças.
A concepção do documentário é de Rizza Matos, que assim como Erotildes, nasceu em Luciara. Seu contato com a obra de Erotildes se deu ainda na infância, onde se encantou com a linguagem literária de Erotildes. É fácil para os moradores da região se identificarem com suas histórias, pois como diz Rizza, “é um pouco da história dos meus avós também”.
De admiradora, Rizza passou a ser amiga de Erotildes, e a partir da amizade, surgiu a ideia do documentário, há 5 anos atrás. Ao longo destes anos, Rizza fez diversas entrevistas com Erotildes e pesquisas no arquivo da Prelazia de São Félix do Araguaia para definir o roteiro do documentário de 18 minutos.
Formada em comunicação social, documentarista e colaboradora do blog da AXA, Rizza já está em seu terceiro documentário. O primeiro curta, chamado “Bessororó”, trata da relação entre a televisão e a comunidade indígena Karajá, e foi exibido na TV Cultura. O segundo, em fase de finalização, é um curta sobre iniciativas socioambientais na Amazônia.
A história que Erotildes viveu e escreveu
Erotildes Milhomem nasceu em 1940, na vila de Mato Verde, hoje conhecida como Luciara. Ali poucas famílias começavam a constituir uma sociedade, enfrentando os desafios de um lugar completamente isolado, com eminentes perigos.
O isolamento terminou com a ditadura militar, alicerçada na ideologia do desenvolvimentismo. Foram dados incentivos fiscais para a compra de fazendas na região, e quem chegava não se importava com o ambiente e a cultura dos que aqui já estavam antes. O poder político e financeiro passou a reger a estrutura social.
Ao longo desses anos, tendo vivido momentos muitos distintos da história de região, Erotildes Milhomem escreveu 6 livros, “todos os livros são de história de luta do povo, as relações sociais, antes da presença do governo e a mudança a partir da década de 60”, diz a documentarista Rizza.
Documentário entre a realidade e a ficção
O documentário mostra esse lado do Brasil que só quem está aqui pelo Araguaia conhece bem. Como as obras de Erotildes, o documentário terá uma linguagem que mistura a realidade e a ficção, e parte de lugares e pessoas para conduzir a linha da história.
Além da própria Erotildes, foram entrevistados outros moradores antigos, que mostrarão seu olhar sobre o que aconteceu na ditadura. Um dos entrevistados é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, com quem Erotildes tem grande amizade, além de terem lutado juntos pela educação.
O documentário está sendo realizado com recursos do Fundo Estadual de Cultura de MT, aprovado no edital PROAC 2013.
A previsão de lançamento do documentário é em junho de 2014, com um evento na cidade de São Félix do Araguaia. Enquanto isso, é possível acompanhar a produção pelo blogue: http://documentarioerotildes.wordpress.com/ e pela página no facebok:
https://www.facebook.com/doc.Erotildes
Imagens: Rizza Matos