Restauração florestal

O enorme desmatamento gerado nas últimas décadas na região do Araguaia Xingu, aproximadamente 6 milhões de hectares, criou o desafio de parar o desmatamento e recuperar as áreas degradadas. Existia uma preocupação pelo impacto do desmatamento nos rios e lagos e a sustentabilidade destes recursos hídricos e das atividades associadas, econômicas, sociais e culturais. Esse impacto era mais visível no Parque do Xingu que faz divisa com grandes areas desmatadas. Os indígenas perceberam que o desmatamento trouxe uma ameaça real ao seu modo de vida tradicional.

O foco da restauração priorizou a recuperação das Áreas de Preservação Permanente. Esse desafio foi o estímulo para o desenvolvimento e aprimoramento de técnicas de restauração. As entidades da AXA começaram a estruturar viveiros e realizar trabalhos de plantios em diversas áreas estratégicas e com diversos públicos em toda a região.

Assim foi testado o plantio mecanizado de florestas, técnica em que maquinários agrícolas, como a plantadeira e a lançadeira, são utilizados para plantar florestas nativas. O princípio dessa técnica é a mistura de sementes usada no processo,  chamada de “muvuca”, que contém leguminosas de adubação verde, ervas, arbustos, cipós e árvores frutíferas, resiníferas, medicinais e madeireiras. A técnica é utilizada pelos técnicos do ISA e adaptada às condições locais, permite restaurar grandes áreas a um custo até quatro vezes mais baixo em relação ao plantio de mudas. Também se usa o sistema de isolamento de áreas para a regeneração natural e o manejo pecuário.

Assista o vídeo: Plantio Mecanizado de Florestas

Nos processos de restauração da região é importante destacar a implantação de agroflorestas em assentamentos de reforma agrária. O sistema casadão  tem sido o princípio utilizado pela Associação Terra Viva (ATV), CPT e Ansa desde finais dos anos 90 com o objetivo de diversificação produtiva e geração de uma maior autonomia econômica dos assentados. O termo   “casadão” é um nome local que designa um sistema agroflorestal (SAF), vem da ideia de “casar” culturas agrícolas e florestais para formar uma floresta produtiva, que no seu manejo incorpore o modo de vida dos agricultores familiares.