Xingu Araguaia

A dinâmica do Campo

Como em outros lugares do Arco do Desmatamento a agropecuária é o que move uma parte importante da economia regional. O setor gera cerca de 1,6 bilhões de reais por ano e representa 40% do PIB da região.(IBGE 2009). As atividades  se concentram-se em duas cadeias: pecuária e agricultura de escala. Em 2010 a criação de gado ocupava aproximadamente seis milhões de hectares, 34% do total do território do Araguaia Xingu  e possui 22% do rebanho bovino mato-grossense. Em 2012 foi destinado quase um milhão de hectares a lavouras, que compreende 5% do território e 10% das lavouras mato-grossenses.

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Portanto, a região é uma grande bacia pecuária manchada por territórios agrícolas, que naturalmente continuarão crescendo, já que a agricultura consegue rendimentos econômicos mais expressivos do que a pecuária.

A economia da região possui uma forte dinâmica agro-exportadora, processo que se intensificou nos últimos anos. Hoje o setor é responsável pela maioria das exportações. Em 2010 elas representaram 44% do PIB agropecuário.

No entanto, esse peso econômico do setor não tem impacto direto na empregabilidade e sim na territorialidade, pois as lavouras e pastagens ocupam grandes áreas e geram poucos trabalhos em comparação com outras atividades.

Na agricultura a principal lavoura é a soja. A monocultura ocupa aproximadamente 650.000 hectares, 80% do total das áreas agrícolas da região (dados 2010). Desde 2009 a cultura vem gerando uma média de 540 milhões de reais, aproximadamente um terço do PIB agropecuário. Os plantios estão altamente concentrados em quatro municípios: Querência, Santo Antônio do Leste, Canarana e Novo São Joaquim.

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Pecuária – Atualmente 6,3 milhões de cabeças de gado (IBGE 2010) ocupam o AraguaiaXingu,  a maioria do rebanho é destinado  à obtenção de carne. A atividade funciona de forma extensiva, uma cabeça de gado bovino ocupa um hectare de pasto. As áreas de pastagens se dividem em áreas plantadas (3/4%) e  pastagens naturais (1/4%), estas se encontram nas beiras dos rios Araguaia e das Mortes. Ao todo as áreas degradadas somam 7% .

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A agricultura familiar da região participa amplamente da cadeia da pecuária e menormente da soja. Em termos produtivos apresenta uma maior diversidade, que vai desde horta a todo tipo frutas (plantadas ou do extrativismo), tubérculos, mel, ovos, pequenos animais, leite, etc. Envolve os assentamentos da reforma agrária, as propriedades privadas com menos de quatro módulos fiscais e os chamados chacareiros, que realizam uma agricultura peri-urbana.

A agricultura familiar recebe o apoio de um conjunto de políticas públicas, a mais importante em recursos é o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) que garante o seu recurso do Orçamento da União e está vinculado ao Plano Safra. Na região, os recursos do PRONAF beneficiaram, em 2010, 8,5% da população que vive no campo. O acesso concentra-se principalmente em alguns municípios onde a produção de soja prevalece: Canarana, Querência e Novo São Joaquim.

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Existem, além do PRONAF, políticas mais incipientes como os programas de regularização fundiária, impulsionados pelo Mutirão Arco Verde/Terra Legal do Governo Federal em 2009 e que consistem em um conjunto de ações que visam diminuir o desmatamento na periferia da Amazônia.

Outros dois programas de grande potencial para a agricultura familiar são o Programa de Aquisição de Alimentos e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Estes programas procuram incentivar a produção e consumo local de alimentos dentro da escola e no âmbito dos programas sociais financiados pelo governo.

No entanto, grande parte dos assentados da região do Araguaia Xingu não receberam os créditos moradia, dispõem de serviços sociais de menor qualidade comparado ao resto da população, os serviços de assistência técnica não chegam para a maioria e quando chegam são intermitentes e obsoletos.

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Quanto às políticas públicas há grandes entraves no acesso ao PRONAF e aos programas de apoio à produção (Programa de Aquisição de Alimentos, Programa Nacional de Alimentação Escolar, etc.). E a política de incentivo ao gado tem criado um importante passivo ambiental, em muitos casos inviabilizado a sustentabilidade da produção, deixando o caminho livre para o arrendamento dos lotes para a produção de soja.

Mapa dos assentamentos da região

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