A região Araguaia Xingu é um lugar onde se encontram os biomas do Cerrado e da Amazônia. Os dois principais rios que lhe dão o nome delimitam suas fronteiras – o Araguaia ao leste, e o Xingu ao oeste –, sendo suas bacias alimentadas por importantes afluentes como o Rio das Mortes, o Xavantinho, o Tapirapé e o Beleza na bacia do Araguaia e os rios Culuene e o Suiá-Missú na bacia do Xingu.
Esse farto patrimônio ambiental da região composto de florestas, águas e fauna está sendo gravemente ameaçado. O modelo de ocupação territorial praticado nas últimas décadas sustenta atividades econômicas extensivas, a exemplo das monoculturas e da pecuária. A supressão da floresta para a abertura de áreas para uso econômico tem causado impacto negativo sobre os recursos hídricos, na biodiversidade da fauna e da flora. Segundo os estudos até o ano de 2010 foram lançados na atmosfera entre 350 e 400 milhões de toneladas de carbono.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) são quase 7,5 milhões de hectares desmatados nos dois biomas na região. 83% da área desmatada encontra-se em propriedades de particulares e de empresas. A maioria não está cadastrada no Sistema de Licenciamento de Propriedades Rurais (SLAPR). Os outros 17% de terra desmatada estão espalhados nos assentamentos, terras indígenas e nas unidades de conservação.
Nos últimos anos as taxas de desmatamento caíram como resultado das políticas de comando e controle governamental, bem como de uma ação dos mercados que cada vez mais recusam produtos oriundos de terras desmatadas.
Desafios – Atualmente, o fogo, que assola a região todos os anos durante a seca, constitui o principal problema ambiental. Tornou-se comum ouvir o testemunho dos moradores mais velhos, que notam uma maior intensidade das secas, e, portanto, das queimadas, que principalmente surgem das técnicas tradicionais usadas para a renovação e limpeza de pastagens. Diante do atual contexto o uso do fogo está se tornando cada dia menos viável devido ao surgimento do fenômeno global das mudanças climáticas.
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O crescente avanço do agronegócio e dos impactos que causa sobre os recursos naturais, as políticas de reflorestamento de áreas de preservação permanente nas beiras de rios e nas nascentes (Campanha Y Ikatuxingu), além da recuperação das reservas legais são estratégias fundamentais, não só para mitigar os efeitos da mudança do clima, mas também para aumentar a resiliência da região na adaptação ao novo cenário climático e para garantir melhores condições ambientais para a produção agropecuária das gerações futuras.